Para
Pierre Lévy, um dos maiores desafios da prática docente
na educação contemporânea, dentro da realidade cibercultural, é que o
professor, mais do que um fornecedor direto de conhecimentos, "é
incentivado a tornar-se um animador da inteligência coletiva de seus grupos de
alunos".
Levy, na sua obra
Cibercultura, dividiu os conjuntos de saberes ao longo da história da seguinte forma: (1) Inicialmente, "nas sociedades anteriores à escrita, o saber prático, mítico e ritual" era "encarnado pela comunidade viva". E quando um ancião morria, era como uma biblioteca que se queimava; (2) Posteriormente, "com o surgimento da escrita, o saber" se passou a ser transmitido pelo livro, que, "indefinidamente interpretável, transcendental, supostamente" continha tudo. O conhecimento era dominado pelo intérprete; (3) Após a invenção da impressão, um terceiro tipo de conhecimento foi assombrado pela figura do sábio, do cientista. O saber não era mais "transmitido pelo livro, mas pela biblioteca"; (4) Hoje assistimos a "desterritorialização da biblioteca" e, talvez, "o prelúdio para a aparição de um quarto tipo de relação com o conhecimento". Ele chama isso de uma "espécie de retorno em espiral à oralidade original", onde o saber pode novamente ser "transmitido pelas coletividades humanas vivas, e não mais por suportes separados fornecidos por intérpretes ou sábios". É o tempo do ciberespaço, "a região dos mundos virtuais, por meio do qual as comunidades descobrem e constroem seus objetos e conhecem a si mesmas como coletivos inteligentes".
Como uma espécie de inspiração premonitória, já em 1997 Levy previu que o ciberespaço seria "o principal equipamento coletivo internacional da memória, pensamento e comunicação". Com as "suas comunidades virtuais, suas reservas de imagens, suas simulações interativas, sua irresistível proliferação de textos e de signos", o ciberespaço se tornou "o mediador essencial da inteligência coletiva da humanidade". Isso representa, de fato, o maior desafio para os educadores da contemporaneidade, onde "qualquer política de educação" deve, sob pena real de insucesso, "levar isso em conta".
Levy já fazia essa análise em 1997. E hoje, como a educação em nossas escolas dialoga com essa perspectiva?
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